Não foi senão nos primeiros tempos da dinastia
Han que o complicado culto oficial se fundou firmemente nas doutrinas do
confucionismo e que Confúcio e os seus discípulos mais proeminentes foram
considerados dignos de honras sacrificais, não só pelos seus próprios
descendentes mas também pelo imperador e os seus funcionários. Com Han Wu Ti
(141-87 Antes de Cristo) o sistema ritual e sacrifical era complicado. O
próprio Confúcio chegou a ser honrado e adorado e os princípios
confucionistas foram adotados no governo. Assim estabeleceu-se o que se
podia chamar um culto oficial confucionista que havia de continuar até às
primeiras décadas do século XX.
No entanto, conforme já vimos nos dois capítulos
anteriores, a influência do budismo e do tauísmo foi tão penetrante que
muitos dos imperadores e principais escolares eram ardentes sequazes desses
credos. Não foi senão aquando do aparecimento da dinastia Sung (960-1279)
que se deu um tal ressurgimento da cultura confucionista que houve uma
renovação da religião clássica confucionista centralizada na supremacia do
céu e no lugar do imperador como Verdadeiro Filho do céu. Este culto
estatal, baseado numa reinterpretação dos clássicos confucionistas pelos
escolares neo-confucionistas, que tinham sido muito influenciados pela
filosofia budista, continuou como religião oficial do estado durante os mil
anos seguintes, exceto durante um breve período mongol em que a influência
budista dominou a corte.
Embora os rituais do estado fossem realizados
para beneficio do povo em geral, o povo não tomava parte neles. O imperador,
assistido pelos seus nobres e grandes oficiais, executavam os sacrifícios
estatais, enquanto os seus delegados e representantes oficiavam em
sacrifícios menores de prefeitura e de condado. O que Gibbon escreveu a
respeito da política do estado quanto à religião no império romano, no tempo
dos Antoninos, bem se pode aplicar, de modo geral, à atitude oficial para
com a religião na China desde a dinastia Sung até ao século XX.
“A política dos imperadores e do senado, tanto
quanto se referia à religião, era felizmente secundada pelas reflexões dos
esclarecidos e pelos hábitos dos supersticiosos, parte dos seus súbditos. Os
diferentes modos do culto, que prevaleciam no mundo romano, eram todos
considerados pelo povo como igualmente verdadeiros; pelos filósofos, como
igualmente falsos; e pelos magistrados como igualmente úteis. E assim a
tolerância não só produziu indulgência mútua, mas até união religiosa...
Logo que foi permitido que os sábios e os heróis, que tinham vivido ou
morrido pelo benefício do seu país, fossem exaltados até um estado de poder
e imortalidade, foi universalmente declarado que eles mereciam, se não a
adoração, pelo menos a reverência de toda a humanidade... Os pontífices eram
escolhidos entre os mais ilustres dos senadores, e o cargo de supremo
pontífice constantemente exercido pelos próprios imperadores. Os imperadores
conheciam e avaliavam as vantagens da religião porque esta relacionava-se
com o governo civil. Encorajavam as festividades públicas que humanizavam as
maneiras das pessoas. Dirigiam as artes de adivinhação, como um instrumento
conveniente de política.” (1)
Fazia parte da política do estado reconhecer o
confucionismo, o tauísmo e o budismo, mas manter um controle firme sobre
todas as atividades públicas religiosas. Os imperadores e os funcionários
contribuíam para a construção e a manutenção dos templos e faziam atos de
adoração diante das divindades. Era uma parte importante do dever oficial
ajudar a manter a vida religiosa da nação.
Da dinastia Sung por diante, quaisquer que fossem
as predileções do imperador -ele inclinava-se muitas vezes para o tauísmo ou
para o budismo -era considerado indispensável para o bem-estar do império,
concebido como mundo civilizado, que se mantivessem harmoniosas entre o céu
e o homem. Estas relações podiam continuar intactas somente se o imperador
executasse, com profunda devoção e atenção cuidadosa ao mínimo pormenor,
como Filho do Céu, o sagrado ritual sacrifical que se acreditava ter origem
na venerável antiguidade. Deve ser, contudo, observado que era como “homem”,
diante do céu., homem muito humilde e abjeto, que o imperador realizava
essas funções de alto-sacerdotes as quais só ele, como homem único, podia
realizar. (2) As cerimônias do culto oficial eram tão numerosas e
complicadas que não só pediam muito tempo e atenção do imperador como o
estabelecimento de um dos mais importantes departamentos do estado, o
Conselho dos Ritos (Li Pu). Nenhum deus ou espírito ou herói deificado,
desde o supremo Deus do céu até ao Seu mais baixo favorito espiritual, podia
ser esquecido, para que as influências espirituais sobre a nação se
conservassem favoráveis.
As cerimônias imperiais
Consistem em três classes:
1 -Primeiro havia as grandes cerimônias,
realizadas pelo próprio imperador, para a adoração do céu, da terra, dos
antepassados imperiais, e dos deuses da terra e das sementes.
2 -Em segundo lugar, estavam os sacrifícios
médios, para o culto do Sol e da Lua, dos governantes e dos grandes homens
das dinastias anteriores, o patrono da agricultura e os patronos dos bichos
da seda, e os numerosos espíritos da terra e do céu.
3 -Finalmente, os sacrifícios menores que
consistiam nuns trinta “pequenos” sacrifícios a deuses menores, tais como o
patrono da medicina, o deus do fogo, o deus da literatura, os deuses das
montanhas, dos lagos, rios e fontes, da estrela polar, e os deuses das
cidades. “Muitos dos espíritos representados nos sacrifícios imperiais eram
adorados também, em menor escala, em nome dos monarcas, por funcionários, em
templos especiais nas províncias, prefeituras e distritos do reino.” (3)
O ato mais alto do culto nacional, e central do
culto imperial, era o grande sacrifício anual a Shang Ti que tinha lugar no
altar do céu no solstício de Inverno. “Só o imperador, o alto padre do
“mundo”, o filho do Céu, podia realizar esse grande sacrifício”, (4) Tinha
lugar cedo, antes da madrugada, à luz de archotes flamejantes, num altar
descoberto, feito de mármore branco brilhante que se elevava em três
terraços circulares de impressionante simplicidade, situado em campo aberto,
para sul, dos antigos muros da cidade. “A área total desse campo aberto é um
pouco mais de setecentos acres ingleses.” (5) Perto do altar está o
magnífico “Templo do Ano Próspero”, com o seu telhado triplo de azulejos
azuis, a Sala da Abstinência onde o imperador reverentemente se preparava
para a sua suprema tarefa religiosa, e um complexo de outros edifícios. “Sem
exagero” escreve J. Bredon “podemos dizer que nenhum outro santuário na
terra tem uma concepção mais grandiosa ou profunda, ou que mais
adequadamente exprima o instintivo desejo da humanidade mostrar reverência a
um Poder acima e para além do seu insignificante ser... Um homem, e só um, o
imperador, o Filho do Céu, era considerado próprio para ascender a esse
lugar de adoração e, debaixo da cúpula do céu que o cobre como uma turquesa
côncava, reverenciar o Supremo Ser.” (6)
Tudo era primeiramente preparado com cuidado
meticuloso sob a orientação do Conselho dos Ritos, e o programa e as orações
eram submetidas ao imperador para a sua aprovação, vários dias antes do
acontecimento. Era obrigatória uma vigília de jejum de três dias, para o
imperador, para os príncipes e para os funcionários que tomassem parte. O
terceiro dia da vigília era observado pelo imperador na “Sala da
Abstinência” situada perto, do grande altar. Depois do imperador ter
visitado o altar e as tabuinhas sagradas nos templos adjacentes, e
inspecionado os sacrifícios para ver se eram perfeitos, purificava-se,
seguindo depois para o grande altar. Entretanto, as tabuinhas do Supremo
Deus e de todos os seus satélites eram colocadas com o maior cuidado e
reverência nos pedestais de mármore e sob tendas de seda azul na bancada
superior do altar, enquanto por baixo estavam os bois castrados sobre mesas
de madeira e as viandas espalhadas diante dos seus santuários. Quando toda a
gente :tinha tomado o seu lugar apropriado,: o Filho do Céu subia, ao altar
e começava, por meio dos sacrifícios e da oração, a adorar a Divindade
Suprema, assegurando assim para si e para o seu povo todas as graças
espirituais.
“Todo o serviço era uma ação de graças a Shang Ti
e aos grandes antepassados dinásticos, e à hoste do céu, pelas graças
concedidas do alto durante o ano, tal como o sacrifício para a terra era uma
ação de graças semelhante pelos favores concedidos por ela.” (7)
O sacrifício a Shang Ti distinguia-o entre todos
os outros seres espirituais e significava que todo o poder e autoridade lhe
pertenciam. Em sinal disto, era colocado reverentemente um ceptro de jade
azul diante do seu santuário e acesa uma fogueira a oferecer-lhe um boi
castrado de uma só cor e sem defeito.
Como parte da cerimônia, lia-se uma invocação,
enquanto que todos se ajoelhavam reverentemente. Esta era então colocada
diante do santuário de Shang Ti, e em seguida queimada com as outras
oferendas. J. Legge dá in extenso uma tradução da oração oferecida na
ocasião de um sacrifício especial de solstício do ano 1538 AD, pelo então
imperador da dinastia Ming. (8) Damos em baixo alguns extratos dessa oração
que revela o profundo caráter religioso da cerimônia. Depois de serem
apresentadas sedas e pedras preciosas, o imperador reza:
“Vós tendes concedido, Oh Ti, ouvir-nos, pois Vós
olhais-nos como o nosso Pai. Eu, Vosso filho, estúpido e obscuro, sou
incapaz de mostrar os meus sentimentos. Agradeço-Vos por terdes aceitado
conhecer-me. Venerável é o Vosso grande nome. Com reverência oferecemos
estas pedras preciosas e a seda, e como as andorinhas a alegrarem-se com a
Primavera, exaltamo-Vos com muito amor.”
Mais tarde, à segunda oferta de bebida, o
adorador continua:
“Todas as numerosas castas de seres animados
estão em débito para com o Vosso favor desde o começo. Homens e criaturas
estão como no paraíso, Oh, Ti, no Vosso amor. Todas as coisas vivas estão em
débito à Vossa bondade, mas quem sabe donde as suas bênçãos Lhe vêm? Sois
Vós só, Oh, Senhor, o pai de todas as coisas.”
Quando as várias ofertas são apartadas, o
imperador continua:
“O serviço do cântico está completo, mas a nossa
pobre sinceridade não pode ser completamente expressa. A Vossa soberana
bondade é infinita. Como um oleiro, Vós fizesteis todas as coisas vivas.
Grandes e pequenos são preservados (por Vós do mal). Gravado no coração do
Vosso pobre servo está o sentido da Vossa bondade, mas os seus sentimentos
não podem ser inteiramente declarados. Com grande bondade Vós sois
indulgente conosco, e não obstante os nossos méritos, concedeis-nos vida e
prosperidade.”
Fazendo todas as devidas concessões à natureza
hiperbólica de tais elocuções, elas continuam uma expressão sentida de
gratidão para com a Suprema Divindade que transcendia a ordem material. Toda
a cerimônia era conduzida até ao fim com a maior reverência. O magnífico
ritual, a música solene, as oblações e as invocações, tudo testemunha que
esta e outras cerimônias semelhantes para a veneração da terra e das várias
deidades celestes e terrestres eram de caráter religioso, e a sua
representação era considerada essencial para a prosperidade do estado. Esta
cerimônia diferia de todos os outros sacrifícios pelo fato de que só este
ritual constava de nove partes, três vezes três, o número do céu. (9)
Num nível mais baixo, os deveres religiosos de um
magistrado da cidade nem eram poucos nem fáceis. Em certas ocasiões do ano,
ele tinha de visitar os templos de várias divindades públicas e ai realizar
atos solenes de culto. Em tempos de calamidade, seca, fome ou peste,
cabia-lhe a responsabilidade de procurar no que os deuses locais tinham sido
ofendidos, e de instituir as cerimônias apropriadas para a sua aplacação. O
conhecimento dos rituais e dos sacrifícios fazia parte do equipamento de um
funcionário. A lei chinesa do século XIX estipulava que o dever do
funcionário-chefe de qualquer distrito incluía oficiar os sacrifícios aos
deuses da terra e das sementes, das montanhas, rios, nuvens, ventos, trovão
e chuva, e também aos espíritos de imperadores sábios, príncipes brilhantes,
funcionários leais e mártires heróicos cujos templos estavam dentro do seu
distrito. Era ordenado castigo severo a qualquer oficial que esquecesse
estas tarefas. Cerca de vinte e cinco por cento dos templos pertenciam ao
culto oficial. (10)
De todas as maneiras a religião representou um
papel importante em justificar o poder político, em estabelecer a autoridade
administrativa, em manter a paz e a ordem, em apoiar os valores cívicos,
inspirar a fé no governo e levantar a moral pública em tempos de crise. Os
cultos relacionados com a religião oficial não podem ser explicados como
alguns escolares chineses têm procurado fazer, como meras formalidades.
Conforme o Li Chi diz: “De todas as maneiras de manter os homens em boa
ordem, não há nenhuma mais importante do que o li. Os li são de cinco
espécies e nenhuma é mais importante do que o sacrifício”. (11) Os cultos
ético-políticos com os seus templos, sacrifícios e erudição mitológica foram
uma parte integral da vida política até à instituição do regime comunista.
(12)
O culto de Confúcio
Confúcio tem sido principalmente, adorado só pela
classe escolar, e esse culto parece ter-se desenvolvido nas escolas. (13) O
culto deve ter-se desenvolvido sobre o principio de que, tal como uma
família sacrifica e ora aos espíritos dos seus antepassados, e tal como cada
comércio ou grêmio presta reverência anual ao seu deus patrono, assim a
classe escolar devia fazer atos regulares de culto nos templos erigidos à
memória de Confúcio que se considerava ser o manancial de toda a cultura e
saber chineses. Prestava-se reverência a Confúcio como grande mestre, por
isso também era prestada reverência aos seus discípulos e a todos os grandes
escolares do passado cujos ensinamentos haviam contribuído notavelmente para
a cultura e moralidade.
Não havia culto de Confúcio fora da sua própria
família antes do tempo do imperador Han, Kaotzu (195 antes de Cristo) (14),
e o primeiro exemplo claro de um culto regular de Confúcio nas escolas é um
decreto feito pelo imperador Ming (59 AD) pelo qual Confúcio se tornava o
patrono deificado dos escolares. Foi ordenado que se lhe oferecessem
sacrifícios. Wu Ti da dinastia Liang (502-50) foi o primeiro imperador que
erigiu templos públicos a Confúcio onde se ofereciam sacrifícios todos os
anos à memória do sábio. Desde o tempo da dinastia nortenha Ch’i (550--77)
Confúcio recebeu sacrifícios duas vezes por ano, na Primavera e no Outono,
enquanto que nas escolas eram erigidos pequenos santuários a Confúcio e a
Yen Hui, seu discípulo favorito. Ofereciam-se libações de vinho no primeiro
dia da lua nova, quando os estudantes prestavam homenagem ao mestre. (15)
No ano 630, o imperador T’ang, T’ai Tsung, lançou
um decreto para que se erigissem templos a Confúcio em todos os distritos e
fossem oferecidos sacrifícios por escolares dentro da sua capacidade de
funcionários governamentais. Mais tarde, no seu reinado (647 AD) T’ai Tsung
colocou tabuinhas de vinte e duas pessoas notáveis nos templos de Confúcio
pela primeira vez, e assim transformou esses templos em “Salões de Fama”.
(16)
“Depressa se tornou obrigatório, na prática, para
cada distrito, ter o seu próprio templo ao grande mestre... Os principais
sacrifícios ao mestre tinham lugar duas vezes por ano. Matavam-se bois e
borrifava-se sangue diante do altar. O presidente do conselho de controle do
templo, um dos mais velhos e mais considerados escolares do lugar, oficiava
na cerimônia, e todos os literatos da região participavam com atitude
reverente.” (17)
O fato de que nesses templos Confúcio era
representado, nos primeiros tempos, por verdadeiras imagens, é confirmado
pelo pedido de Li Yüan-Kuan ao imperador, em 720 AD, para ter mais dez
imagens sentadas, colocadas no salão principal dos templos confucionistas,
com as de Confúcio e Yen Hui, enquanto quadros dos setenta discípulos e dos
vinte e dois ilustres eram pintados nas paredes. “Desde aí até 1530 todo o
culto de Confúcio foi semelhante aos das divindades incontestáveis tais como
os deuses da cidade, e ele podia ser considerado um deus.” (18) Esta
tendência para deificar Confúcio estava em constante conflito com a
tendência de escolares mais racionalistas que o consideravam não mais do que
um ser humano, não obstante o maior de todos os sábios. Mas não foi senão no
reinado do imperador Ming, Chia Ch’ing, que esta atitude mais racionalista
triunfou. No ano de 1530 foram proibidas imagens nos templos de Confúcio e
substituídas por tabuinhas. Ao mesmo tempo, o termo tien (sala) foi
substituído pelo de miao (templo). Assim, na ocasião em que a missão dos
jesuítas se estabeleceu em Pequim, Matteo Ricci acreditava e dizia que a
veneração prestada a Confúcio não era diferente da prestada aos
antepassados, e nos seus Commentari ele afirma que não havia ali sinais de
idolatria e nenhuma superstição. A reverência prestada a Confúcio não
passava de um reconhecimento dele como um grande homem. (19) Isto, contudo,
não era a opinião do papa Clemente XI e da Congregação Romana dos Ritos que
proibiram aos funcionários chineses atos rituais em honra de Confúcio. (20)
O culto de Confúcio era encorajado pelo estado
como um esteio à moralidade pública, e a fim de sustentar o poder e a
autoridade da classe escolar, que se conservou através da história chinesa
como o principal instrumento da administração do governo. “É duvidoso”
escreve Shryock “se ele (Confúcio) sempre recebeu culto de grande número de
pessoas em qualquer ocasião. Ele era o patrono de escolares e chegou a
receber adoração do estado porque o estado interessava-se na criação e
manutenção da classe escolar.” (21) Nunca houve nenhuma necessidade de
desenvolver um sacerdócio profissional, realizando os próprios escolares
todos os necessários ritos. Nem o culto desenvolveu nada no gênero de um
credo mas sempre permitiu a maior liberdade da crença individual. Era
firmemente baseada numa crença na natureza moral do universo e na
perfectibilidade do homem. Era agnóstica quanto à vida depois da morte, e
não via necessidade de qualquer deus salvador para quem o indivíduo se
devesse voltar no pecado e na desgraça. Até ao ano de 1906, os sacrifícios a
Confúcio não se incluíam entre os “Grandes Sacrifícios” do culto imperial.
Nesse ano, o “sacrifício médio” que tinha sido oferecido ao sábio foi
trocado por um “grande sacrifício” a que o imperador devia assistir
pessoalmente. Com o nascimento da república na China, embora os antigos
sacrifícios ao céu e à terra e todos os outros “grandes sacrifícios” fossem
abandonados, a adoração de Confúcio continuou. Claro que foi feita uma
tentativa séria para elevar o culto de Confúcio a religião oficial do estado
da China, mas isto falhou completamente em face da grande oposição de
proeminentes escolares confucionistas, juntamente com cristãos, budistas e
chefes muçulmanos. (22)
Notas
1. E. Gibbon, Decline and FalI of the Roman
Empire (ed. resumida), Londres, 1966, pp. 55-8.
2. Ver D. H. Smith, ‘Divine Kingship in Ancient
China’, Numen, vol. 4, Fas. 3, 1957, p. 200.
3. Bredon e Mitrophanov, The Moon Year, Xangai,
1927, p. 68.
4. W. E. Soothill, The Three Religions of China,
Oxford, 1923, p. 229.
5. J. Bredon, Peking, Xangai, 1931, p. 156.
6. Ibid., p. 157.
7. Soothill, The Three Religions of China, p.
232.
8. J. Legge, The Religions of China, Londres,
1880, pp. 43 ff.
9. Bredon e Mitrophanow, The Moon Year, p. 58.
10.C. K. Yang, Religions in Chinese Society,
California, 1961, p. 147.
11. Li Chi, capítulo 21. Ver Fung Yu-lan, Hist.
of Chinese Philosophy, tr. Derk Bodde, Pequim, 1937, vol. 1, p. 350.
12. C. K. Yang, Religion in Chinese Society, p.
179.
13. J. K. Shryock, Origin and Development of the
State Cult of Confucianism, New York, 1932, p. 75.
14. Ibid., p. 97.
15. Ibid., pp. 120-1.
16. Ibid., pp. 134-5.
17. K. L. Reichelt, Religion in Chinese Garment,
Londres, 1951, p. 55.
18. J. K. Shryock, Origin and Development of the
State Cult of Confucianism, p. 139.
19. Matteo Ricci, Commentari, 1, pp. 91 ff. Ver
C. Oary-Elwes, China and the Cross, Londres, 1957, pp. 99 e 147.
20. Ibid., p. 152.
21. J. K. Shryock, Origin and Development of the
State Cult of Confucianism, p. 224.
22. Para um relata completo do debate no século
XX sobre o lugar e a posição do confucionismo ver W. T. Chan, Religious
Trends in Modern China, New York, 1953, capítulo 1.