AUTOCONHECIMENTO EM JUNG

Por: Ricardo Chioro

(Parte deste texto é canalizada dos Mestres Ascensos)

Jung é o criador da Psicologia Analítica, que como outras Psicologias tem a função do autoconhecimento, também chamado de autodesenvolvimento.

Jung chamou o autoconhecimento de individuação, que é o ser humano ser cada vez mais, à medida que progride no seu autodesenvolvimento, um individuo único, homogêneo e que não existe outro igual.

Como dissemos no outro texto: autoconhecimento é retirar conteúdos mentais aprisionados no inconsciente, que ficam guardados na nossa mente em uma região oculta da qual não temos conhecimento, tirar esses conteúdos é levá-los a consciência, conhecê-los, daí o termo: autoconhecimento.

O inconsciente é essa região oculta.

No nosso inconsciente ficam guardadas informações sobre nós mesmos e o mundo que foram reprimidas, o centro do inconsciente pessoal é o que Jung chamou de sombra.

A sombra representa aquilo que consideramos inferior em nossa personalidade, e também aquilo negligenciamos e nunca desenvolvemos em nós mesmos”. (Trecho do livro: Teorias da Personalidade de Fadman e Frager)

A medida que a sombra se torna mais consciente, recuperamos parte de nós mesmos previamente reprimidas”. (Trecho do livro: Teorias da Personalidade de Fadman e Frager)

Na medida em que nós aceitamos a realidade da sombra e dela nos distinguimos podemos ficar livres de sua influencia. Além disso, nós nos tornamos capazes de assimilar o valioso material que é organizado ao redor da sombra”. (Trecho do livro: Teorias da Personalidade de Fadman e Frager)

Cada porção reprimida e perdida na sombra é uma parte de nós mesmos, recuperando esse material e o trazendo a consciência, recuperamos uma parte de nós mesmos, por isso o termo individuação, se tornar cada vez mais a si mesmo, um individuo único, homogêneo e sem igual.

A medida que para o inconsciente o autoconhecimento é retirar conteúdos de lá, para o ego esse processo corresponde na percepção consciente desses novos conhecimentos trazidos a consciência, justamente esses que estavam guardados, ocultos.

O ego percebe o autoconhecimento como aquisição de conhecimentos.

Outra parte do processo de despertar interior é o reconhecimento da parte feminina na personalidade do homem, chamada anima, e na mulher o reconhecimento de sua porção masculina, que é o animus, mas que fique claro que isso não tem nada a ver com homossexualidade.

Na mente do homem existe uma parte feminina, e na da mulher uma masculina, que na sociedade preconceituosa que vivemos fazem referência a homossexualidade, mas que não tem nada a ver com isso.

Um homem heterossexual como uma parte feminina não sente desejo por outro homem, nem uma mulher com uma parte masculina, também não sente desejo por uma mulher.

A anima e o animus sempre existiram, só vamos conhecer eles, uma parte importante da teoria de Jung.

O fato de acharmos que partes do sexo oposto em nossa personalidade é homossexualidade, isso são medos embutidos em nós geralmente por quem nos criou para que não sejamos gays, isso mostra o grande preconceito que existe na sociedade contra os homossexuais.

O estagio final segundo Jung de despertar interior é o desenvolvimento do self.

O self é o ser humano integral, como ele é de verdade, a integração do consciente com o inconsciente.

Pensar o ser humano integral, como ele é de verdade significa a individuação, cada vez mais tornar-se a si mesmo.

Neste estágio final o self passa a ser o centro da personalidade.

 

Aonde as Explicações de Jung podem Ajudar os Espiritualistas?

Podemos desfazer com as explicações de Jung sobre a individuação alguns mal entendidos que podem ocorrer por causa da linguagem budista.

Algumas pessoas acham que com a iluminação e o processo de despertar vão deixando de ser elas, ser um nada e sem auto-estima quando o ocorre é o contrario, é o se tornar cada vez mais si mesmo.

O Budismo tem uma linguagem muito complicada para algumas coisas, freqüentemente nem os budistas a entendem direito devido a más traduções, ao mesmo passo que no Espiritualismo se estuda muitas religiões, inclusive o Budismo, isso é bom, mas se tratando da religião do Buda podem ocorrer más compreensões.

No Budismo se diz que a iluminação é o vazio, mas não é um vazio de tudo, apenas do ego.

Também que o Eu não existe, que perceberemos isso no nirvana.

A iluminação é estar vazio de Eu.

Porém essa linguagem não representa seu sentido no português, diferindo.

Por incrível que pareça, quando no Budismo se fala de vazio de Eu, não é de um eu absoluto, se não os iluminados não existiriam, o que o budismo chama de Eu é o ego apenas.

Existe um Eu que não é ego.

Se o eu fosse ausência absoluta os iluminadão não existiram, não pensariam, não sentiriam, não teria nada, seriam ocos na melhor das hipóteses, na pior deixariam de existir, mas não é nada disso, Buda existiu, pensou, agiu, sentiu.

A iluminação é um amor muito grande, o Buda também refletia para encontrar soluções para os problemas de quem buscava a ajuda dele, então não podemos dizer que um Santo não sente ou não pensa, o vazio não é de sentimentos ou pensamentos.

Muitos termos que dão a impressão de absolutistas (servirem para tudo) são empregados no budismo, isso também acontece com menos freqüência em outras religiões.

Assim o Eu ser o vazio não serve para tudo.

Se cremos no vazio absoluto do ser vamos com certeza encontrar contradições na religião do Buda.

Quando Buda, o fundador do Budismo estava morrendo disse:

- "Por que deveria deixar instruções concernetes à comunidade? Nada mais resta senão praticar, meditar e propagar a Verdade por piedade do mundo, e para maior bem dos homens e dos deuses. Os mendicantes não devem contar com qualquer apóio exterior, devem tomar o Eu - self - por seguro refúgio, a Lei Eterna como refúgio... e é por isso que vos deixo, parto, tendo encontrado refúgio no Eu". (Trecho retirado do trabalho: Buda e o Budismo de Carlos Antonio Fragoso Guimarães)

Isso além de exemplificar a complicada linguagem budista, também ilustra as explicações de Jung.

Buda encontrou a si mesmo no seu despertar, se refugiou em seu próprio ser, condição da iluminação.

Explicamos isso muito melhor nos textos: Esclarecimentos Importantes sobre o Budismo 5 – O Vazio e Esclarecimentos Importantes sobre o Budismo 3 – Eu.

Veja ainda:

Esclarecimentos Importantes sobre o Budismo 2, Esclarecimentos Importantes sobre o Budismo, O Buda, o Autoconhecimento e a Linguagem Budista e Esclarecimentos Importantes sobre o Budismo 4 – Paixão e Sofrimento.

 

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